"Eu não escrevo poesia, não escrevo poema. Eu só desnudo minha alma." Fátima Amaral

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Da falta


Falta tanta história, tanta estrada...
O barulho das correntes. O peso do nada
A vontade que sobra, transborda.
No abraço não dado,
Mais um jogo, mais um dado.
O tempo se esgota
Anseio de data
Medo do pouco.. é tão pouco
Receio do céu da boca; vazio
Tanta mudança interna  
A incompreensão do tempo   
A falta de perdoar o Absoluto   
Amargo na boca
Ansiedade dilatada
Há tão pouco tempo
E, como falta história.
E, como falta estrada!!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Pele

A superfície se mostra
Deita-se ao toque
Expõe seus poros.

Arrepios entregues ao contato da palma
Sente... sente...

Sentidos desprovidos, uníssonos.
O toque percorre-lhe a derme, epiderme
Entra-lhe entranhas,
Deliciam-se os gemidos
Sente...sente...

Verte em forma de gotas
os sussurros quentes...contidos na pele.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Essa intensidade que me move


Hoje eu queria um pouco de ilusão que me satisfizesse,
Nem que fosse por algumas horas,
Só pra não dar crédito ao tempo.

Um tanto de certezas que não permanece
Um sorriso simples, sem esconder o que é triste.
Guardar um pedaço bom de memória, no cair na noite.

Esquecer que somo tantos ontens de mim
Ser somente um pouco do hoje
Dizem que viver o hoje é simples assim
Queria entender isso, enfim.

Me despir com as minhas vontades,
Sem me importar com o parecer da verdade.
Sorrir com os desencontros, do suposto certo.
Qualquer ilusão simples, para desmanchar o que dói. 

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Vida


Contida
Nos versos
Vida
Entre
As linhas
Passado

Quereres
Sempre
Ao meu lado
Direito,
Por direito
Esquerdo
Por ser certo

Desejos
Sem contramão
Vida
Sem proibir

E a vida segue
Segue vida!

sábado, 2 de junho de 2012

Palavras em silêncio


De momento persigo umas palavras
Poucas.
Mas, muitas me falam

Quando se calarem
As deitarei aqui,
Na ponta da língua.

Assim
De algumas delas
O que quero
Apenas seu silêncio.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Liberdade


Ela atravessou os limites
Sem se preocupar com nada.
Dançou em corda banda
Sem olhar se no fim haveria estrada.

Ela se jogou nos braços na noite
'Toma-me, possua-me, sou tua"
E assim se fez e assim os fez.

Ela atropelou as desculpas
As condutas
Os comportamentos
Foi imensamente feliz
Nua, ao vento.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Espanto


Não, não nasci com o bem querer à vida,
Com o apego por ser vivente.
Nasci com a estranheza do horizonte,
Com o desconforto da pele apertada.
Nasci com a convicção de dominar 
as perguntas sem respostas.
De entender o espanto.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Porque sou despedida


Sou resto de espelhos
Colado com lágrimas
Vê- se em mim
Versões disformes
Multifacetadas.

Sou o inferno vivido
Na carne que um dia foi envenenada.
Erva daninha mal matada.

Sou água de cachoeira
Algo que se contempla
Mas não se adentra
O limo pode quebrar-te.

Sou esse aparato de discórdias
De causar medos
Por tanto segredos.

Aviso-te para boa sorte
Atravesse a rua
Siga outro rumo ao ver-me
Aconselho-te, procure outro norte.

domingo, 6 de maio de 2012

Poesia para libertar-me


Eu não preparo meu verso com zelo
Deixo-o gritar em desespero
Na ânsia de minha alma.

Falta doçura nesse canto
Ouvir a cantiga da vida
No momento que o acalanto.

Falta um calar carinhoso
Um colo previsto
Um sossego de sonhos.

Falta banhá-lo em água corrente
Pôr, a secar em varal ao vento
Abraçar-me a ele com carinho.

Usá-lo como a seda mais cara
-Na transparência necessária-
Vesti-lo como se fosse uma pétala
E...

Ouvir de minha alma
Que nunca emudece,
Perdoe-me!
Não sei fazer versos leves assim.

sábado, 5 de maio de 2012

Nós três

Há uma diferença de passos
De espaços
De desejos
Entre eu,
meu corpo
e minha sombra.

Saio à frente cometendo pecados
Todos eles.
O corpo vem logo atrás
Todo acabado
Pedindo à sombra
Que apague os vestígios
Nem me importo com os litígios

Siga em frente sorrindo
E lá vem o corpo criticando,
E a sombra se assombrando.



quarta-feira, 2 de maio de 2012

Vôo limitado

Sei que há em mim
Um pássaro que voa
Que desafia trovões
Riscos dos céus
Tempos de idas ou noites
Gaiolas e alçapões.

De visão distante, esse pássaro
Para os azuis de horizontes, tem muito apetite
Vôos de calor rasantes
E distâncias de muitos frios
Aventura-se sem medos
Em lugares escuros.
Destemido, pássaro meu. 

O meu lamento é que, 
O conheço por dentro.
Não vôo em suas asas.



quarta-feira, 25 de abril de 2012

Refém antigo


Refém antigo, velho conhecido das dores artificiais, dos artifícios carnais.
Dos venenos corrosivos ao sangue, nas veias, injetados.
Das dores por escolha escolhidas, que com o passar dos anos passam a ser suas, como se tivesse sido assim por toda sua vida.
Velho conhecido dos becos e esquinas, se esquivando da luz, sempre a meia cara, a meia noite a meia morte.
Velho sujeito, ser adjetivo, "insubstancial", vivo, substância corrosiva, nociva. E ainda vivo.
Perambulando entre sãos e dementes não sabendo em qual dos dois fica contente ou ausente.
Sem ser parte de algo efetivo, apenas vivo.
Absurdamente vivo, ínfimo, inflamado fugaz, intrigado com trincheiras de teias artificiais tão nocivas, tão letais.
Atrás de atrasos de horas, sempre atrasadas, vivente andarilho, sem presente.
Pescador não de sonhos, mas de ilusões, de efêmeros sentidos, nunca de verdade sentidos.
Vitima de suas escolhas, refém antigo, tão antigo que se perdeu no tempo, sem nenhum alento, vivendo assim, um passo a frente um atrás, e não é dança é atraso.
Com as dores se entende, é delas o tempo todo, já conhece todas as suas mesquinharias e divide com elas todas as suas agonias. Velhos amigos.
É objeto, é dilacerante em si mesmo, ser titubeante, indireto, indigesto
Já foi vida, agora e nada mais que vestígio de alguém que nunca tenha vivido, uma máscara, quem sabe um feto.

sábado, 21 de abril de 2012

Ainda...

Ainda sou linhas divididas
Em estações distantes.

Ainda não me dei brilho
De pedra com apreço. 

Ainda não atravessei a ponte,
Mesmo sabendo de cor
A quantidade de passos.

Ainda não me fiz verso
Nem canção
Nem poesia.

Ainda nem troquei a pele
que usei outro dia.

Ainda não descobri
Onde começa o recomeço

Ainda não me descobri avesso.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Opostos

Angústia de cio
Gotas de suor frio
No calor da pele
Que aos poucos
Adere
Repele
Contraposto
A impaciência do querer
Soltar
Prender
Sem saber
Indisposto
Gosto
Choque térmico
De calafrios
Ao quente do peito
Vivemos
Desse jeito
Provas do meu veneno
Em teu oposto
De teu doce
Em meu gosto
De sorrisos e choros
Dis(postos)
Somente assim há gosto
Só assim há efeito
De opostos somos feitos.

domingo, 8 de abril de 2012

Realidade mascarada

Sonhei que eu era uma máscara.
Sonhei que eu era uma farsa.
Uma força contraditória
Numa fraqueza exata.

Sonhei que eu era forte
Que não temia a morte,
Sem a vida incerta
Na morte certa.

Sonhei que por trás da máscara
Não havia nada,
Dava um alívio inquieto
Por não precisar
Ser correto.

Sonhei que, na minha farsa
Andei tanto, em tantos lugares
Não vi sagrado nos altares,
Não ajoelhei perante os céus.

Sonhei que eu era o nada
Onde tudo cabia
Sem lamentos
Nem água fria.

Sonhei que ao virar
Naquela esquina... estremecia.
A farsa sumia
E não reconheci o rosto
Que para mim sorria

Acordei sufocada
Tremia.
Com a realidade quente
Batendo os dentes.

Procurei a máscara...
E a encontrei, subentendida aqui.


terça-feira, 3 de abril de 2012

Escolhas



Coloquei essa frase no fb e a Luna carinhosamente a colocou nessa imagem. 
Obrigada!! Achei Linda!!

quinta-feira, 29 de março de 2012

Reza profana

Sou o fim do terço                                        
Na momentânea satisfação
De santidade.

E ao findar
Restam duas partes
Onde o pecado reside
Insatisfeito
Vejo-o rindo,
De deboche!

[Santificastes?
Que bom!
Venha aliviada
Tem mais dois terços de pecados.]
   
E rezo mais três terços
Aflita!
E ao findar...
Quanta maldade!
Aparecem seis partes.

E nessa equação de terços culpados
Confesso! Se, rezo tanto
É porque não resisto ao pecado.


quarta-feira, 28 de março de 2012

Caminhando

Observei em muitas palavras nos cantos
Que há estações completas,
Em mim estações que se completam.

Que há horas exatas
Que há o momento exato (e há)
Que dores são certas
Em crescimento necessário.

Observei a tudo que me assisti
Entendi os limites
Vontades sendo ditadas
Estou aqui, sujeita.

Quero caminhar dentro de mim
No tempo do tempo,
No tempo meu,
No sossego que ele me deu.

Quero a tua ausência
Para encontrar minha presença.
E quando eu chegar,
Terás abraços que não serão só os seus
Dessa vez também serão os meus.

Egoísta?
Penso.
Não.
Sou eu.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Enigmática

E mais uma vez ele chegou e me disse...
“Escuta, tentei tantas vezes, te falei, gritei, acariciei em teus ouvidos, faça, faça isso e você nunca me ouviu, preferiu esse caminho febril.
Agora, pela última vez (talvez) me ouça! Olha aquele caminho é seu. É destino. Terás que seguir sozinha, vá não seja incrédula mais uma vez, não conte, não pense, vá! Haverá lá na frente depois das pedras uma chance, saberá o porquê de quase tudo, vá”.
 
Ela olhou-me com seus olhos de tristeza, olhar desses que carregam dentro de si a dor. E era essa, a dor, o único sentimento que eu conseguia definir nela, no mais em seu corpo todo, nenhuma pista do que ali se passava, com seus cabelos da cor da noite que me faziam pensar que entre eles corriam todas as linhas de pensamentos nos emaranhados dos fios. E por mais que eu tentasse definir o que ali se passava, não via mais nenhum sinal de qualquer outra expressão. Apenas esses olhos de dor e indefiníveis segredos...
  
Gritei, então...
“O tempo se esgota, hei me escuta. Não de novo não. Não feche essa porta!!!”

E eu fechei não me sinto preparada, prefiro ficar parada, deixe, ele voltará quem sabe um dia me convença.
Até lá fico aqui com minha sordidez, optando pelo calor da dúvida dos meus medos e segredos, na minha falta de lucidez. Nessa minha loucura que talvez seja sintomas não de um, mas de todos os amores e dores sem cura.
  
E ouvindo seus passos que já iam distantes, um último pensamento em mim se fez... 
"Um dia me pegas ou te pego ou elucido ou enlouqueço de vez." 

segunda-feira, 12 de março de 2012

Prece

Naqueles dias de abrir janelas de vento
Sol de cortinas soltas
Há um bem querer no olhar, há.
Onde respirar é uma prece.

Os olhos de menina sorriem
Sem nenhum emaranhado,
É momento de colher tudo
Que nasce nesse mundo
Receber as escolhas aqui dentro
Pelo teu próprio nascimento.

E olhando à frente
O horizonte é da distância
De um desamarrar de laços...
O alcance é do tamanho de um abraço.
Não há nenhum atraso de sentimento,
E um sentir além de vida, que há.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Ganhei um presente lindo!!

Pessoal, nesse dia especial que é dedicado à nos mulheres, eu pensei em escrever algo.. mas o Lufe, com todas suas qualidades artísticas e excelente contador de causos, amigo de blogs, amigo virtual, mas com quem tenho grande afinidade, amigo que sabe um pouco mais da minha vida além dos meus poemas, que me leva ao seu buteco, mesmo eu não bebendo nada alcoólico..rs. Amigo... enfim me presenteou de forma inesperada. Ele sabe do lado "segredo" da minha vida, deve imaginar a importância desse gesto tão carinhoso, para mim. Mais uma vez obrigada, de coração.
O presente:
http://butecodolufe.blogspot.com/2012/03/flor-da-pele.html
Fiquei muito emocionada!!. Espero que gostem
Beijo meu

terça-feira, 6 de março de 2012

Folhas

Eu sou árvore
Eu não tenho asas
Eu não vôo
Voam minhas folhas
Que se desprendem
Me desnudam
Assim ao sabor do vento
Eu não viajo
Eu habito
Eu protejo
Alimento e observo
À minha sombra
O mundo se passa.

Mas não sou anjo
Não tenho asas
Sou folhas
Do sol ao orvalho
No repouso com a lua
Na viajem das águas
A minha distância é longa
Percorro o chão
Em muitas direções
Decerto são minhas linhas
Longas distâncias
Percorro silenciosa assim
Busco água
Mato sede
Dou sombra
Permito uma rede
Uma visão de um horizonte
Sem fim.

Mas não vôo
Não tenho asas
Sou árvore
tenho folhas
E bem verdade
Elas voam
E nelas...
Nelas somente escrevo
E vão assim
Voando com minhas palavras.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Assim rimando recomeços

E de tanto ouvir os cantos
Entendi seus cantos
Não renovei os prantos
Me prendi em encantos
E foram tantos
Que assim levanto
Um tanto mais santo
E os cantos...
Eu os ouço
E recanto.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

É sede!!

É sede que seca
     Não sacia
  É sede de adicto
       Constrange
    É sede de noites e dias
         Contagia
      É sede de sexo
           Chama
        É sede do mundo
             Abrange
          É sede de poros
               Arrepia
            É sede de lágrimas
                Deságua
É sede de alma
     Acalma
  É sede de medo
       Tremor
    É sede de nada
         Silêncio
      É sede de vida
            Infinito
         É sede de mais
              Demais
           É sede de além
                Amém.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A urgência das palavras

Não sei ser palavra na tristeza.
Recolho todas as letras
Guardo em embrulhos de presentes
Todas aqui dentro.
De sentir é o momento.

Mas...
Assim sem avisar
O vento sopra minhas asas
Dá um desses desassossegos
De despertar os sentidos.

Da inquietação ao sorriso
Desembrulho os presentes
Sem a pretensão de ser preciso
E hora de ser distância.
Voar em histórias desconhecidas.

E quando vem assim, nessa urgência 
Elas se jogam, pulam, brincam,
Saltam nas linhas em grande festa.

Com sorriso escrito, volto a ser palavra
Será que é isso que chamam poesia?
Ou será isso somente o delírio do poeta?